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  >  Turismo Acessível   >  Turismo acessível – 5 Dicas para planejar a viagem

Se você deseja saber o que é o Turismo acessível e como você pode realizar o seu planejamento, leia esse conteúdo até o final.

Neste post vou compartilhar 5 dicas que me ajudam a viajar de forma mais tranquila e com acessibilidade.

Assim, a ideia é que você também possa fazer um turismo acessível, independente do tipo de mobilidade reduzida que você tenha e da viagem que você esteja planejando (aérea, marítima ou terrestre).

turismo acessível

1) Para fazer um turismo acessível, se conheça:

Entender quais são as suas prioridades, o que realmente gosta e o que precisa em questão de recursos pra viajar é fundamental para aproveitar a viagem.

Não adianta ir para um lugar paradisíaco super acessível se você não curte turismo na natureza ou de aventura, não é mesmo? 

O que eu fiz e tem me ajudado muito é uma lista de desejos com a relação aos lugares que eu quero visitar, ou seja, fazer um turismo acessível, por ordem de preferência (essa lista é constantemente revisitada e atualizada).

Pode parecer besteira, mas quando você começa a pensar sobre isso de maneira organizada (listinhas básicas) você faz um exercício de auto-reflexão sobre seus gostos.

Portanto, faça uma pergunta para si mesmo “Qual é o seu perfil de viajante?”

Como já mencionei, investir nesta etapa é muito importante, pois, você evita estar em lugares que não quer, desperdiçando tempo e dinheiro.

Sabendo o que deseja, você pode criar a sua lista com requisitos de acessibilidade para fazer um turismo acessível.

– Criação da lista de itens importantes para a viagem:

No meu caso, como utilizo cadeira de rodas motorizada e manual (para as viagens de carro), os itens imprescindíveis são:

– Turismo acessível para viagens aéreas

Para chegar até o aeroporto (na minha cidade e cidade destino) e me locomover no local de destino eu preciso de um táxi acessível.

Caso não tenha um táxi acessível, é fundamental que tenha um transporte adaptado ou que possa transportar minha cadeira de rodas.

Além do translado, eu preciso de ajuda para acessar a aeronave, inclusive para chegar até a poltrona e me acomodar.

Normalmente, nesssas situações, um ou mais funcionários da companhia aérea me auxiliam, juntamente com a pessoa que esteja me acompanhando.

 

– Turismo acessível para viagens de carro:

Quem me conhece sabe: adoro dirigir. Por isso, boa parte das minhas viagens são de carro, onde eu posso colocar essa paixão em prática.

Logo, eu preciso de um carro com adaptação veicular (a que eu utilizo é a alavanca de acelerar e frear) e câmbio automático.

Outro ponto necessário para minhas viagens de carro: o porta malas tem que ser grande, para comportar as cadeiras (de rodas e a de banho, outro item que é importante nas minhas viagens para ficar limpinha rs);

  • Postos de conveniência no trajeto até o destino com acessibilidade;
  • Cartão de identificação de pessoa com deficiência (Defis) próprio para ser utilizado em estacionamentos (para parar nas vagas preferenciais);

– Turismo acessível para viagens terrestres:

Para chegar até a rodoviária (na minha cidade e cidade destino) e me locomover no local de destino: táxi acessível ou outro tipo de transporte adaptado ou que possa transportar minha cadeira de rodas;

Para esse tipo de viagem (ônibus rodoviário), o veículo precisa ter elevador (existe esse tipo de acessibilidade? Sim, existe:

– Turismo acessível para viagens marítimas (cruzeiros):

Para chegar até o porto (do local de partida e cidade destino) e me locomover no local de destino: táxi acessível ou outro tipo de transporte adaptado ou que possa transportar minha cadeira de rodas;

Navio com acessibilidade até a cabine e em toda a embarcação: banheiros, cabine, locais de circulação e diversão.

2) Pesquise para fazer o turismo acessível e seja resiliente:

No item acima eu dei exemplos de listas que eu faço para facilitar meu planejamento para que viajar com acessibilidade, e elas fazem parte da primeira etapa.

A segunda  (muitíssimo importante também) é a etapa da pesquisa. Mas não é uma pesquisa qualquer não. É a pesquisa que eu intitulo: nível hard. 

Aqui a brincadeira fica mais emocionante, por que você vai precisar de bastante resiliência para não desistir antes mesmo de começar.

Por quê?

Por que infelizmente, ainda temos muitas informações desencontradas e que não refletem a realidade sobre a acessibilidade ou falta da mesma em hotéis, pousadas, transportes, etc).

Muitas vezes, um local informa que tem acessibilidade, mas quando você vai mais a fundo descobre que não é acessível de verdade. (o projeto viaje com acessibilidade existe para mudarmos isso)

Enquanto lutamos para mudar isso, seguimos com o que temos, de fato: pesquisar muito ainda é necessário. Assim, você pode utilizar alguns recursos para te ajudar nessa busca estilo Sherlock Holmes rs:

– Hospedagem:

Eu já indiquei alguns aplicativos/sites com filtros de acessibilidade nas minhas redes sociais, que você pode conhecer clicando aqui.

São sites que utilizo para iniciar as buscas por hospedagem com acessibilidade.

São eles (alguns): 

  • Booking 
  • Airbnb
  • Couchsurfing
  • Hostels

– Transporte Rodoviário:

Nos sites das empresas de ônibus rodoviários você pode pesquisar se o veículo tem acessibilidade.

Se no site não encontrar as informações necessárias, entre em contato com o serviço de atendimento ao consumidor da empresa (SAC).

– Transporte Aéreo:

Geralmente as companhias aéreas solicitam um período de, no mínimo, 48 horas antes do embarque para receberem a solicitação de assistência especial.

Entre em contato com o serviço de atendimento ao consumidor da empresa para informar em detalhes suas necessidades. 

– Locomoção em áreas públicas:

Caso você queira utilizar o transporte público no local a ser visitado, bem como visitar pontos turísticos, busque as informações referentes ao tipo de acessibilidade que você necessita nos sites de órgãos públicos, como:

  • Secretaria de mobilidade urbana;
  • Prefeitura;
  • Secretaria de cultura;
  • Secretaria de turismo, etc.

Algumas localidades possuem ONG´s ou associações voltadas ao público com deficiência ou mobilidade reduzida, as quais podem ser fonte de informação também.

Caso encontre esse tipo de possibilidade, entre em contato, explicando sua situação e verifique se eles conseguem te auxiliar com informações também.

– Atenção as informações:

Ah! Te disse que a etapa inicial da pesquisa é garimpar nos sites as informações. A segunda etapa é: duvide (no bom sentido) de qualquer informação disponibilizada em sites, aplicativos ou revistas.

Geralmente, as mesmas são superficiais. Como ter o máximo de certeza que o banheiro é realmente adaptado ou o museu tem acessibilidade audiovisual?

Entre em contato com o local de hospedagem, empresa de receptivo, agência, ponto turístico e explique, de uma maneira clara, o que você precisa para acessar com autonomia e segurança o(s) lugar(es).

Peça fotos do lugar (no meu caso, por exemplo: sempre peço do banheiro e questiono sobre a metragem das portas) 

Esse ato já me livrou de inúmeras situações complicadas. Funciona!

– Links que podem ajudar:

Para te ajudar a evitar ainda mais situações complicadas, ficam aqui alguns links para você aproveitar descontos e conhecer mais sobre minhas experiências em viagens:

Para saber mais sobre a importância da acessibilidade e minhas experiências em viagens:

3) Seja paciente e acessível

 A maioria das pessoas querem nos receber bem, mas precisamos fazer nossa parte de “mostrar” o que pode ser feito (além do óbvio) para que isso aconteça de maneira tranquila e prazerosa. 

 Dá trabalho? Dá….mas o contato com as pessoas, a troca, essa parte do processo não está descrito em manuais, e nenhum tipo de tecnologia assistiva pode suprir. 

 Por isso, exercite a empatia, tente se colocar no lugar do outro e busque mostrar que é possivel sim receber pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida sem ser algo “do outro mundo”… né? 

Quando eu me deparo com lugares sem acessibilidade física, e eu dependo da ajuda de alguém para subir alguns degraus, ou sair da minha cadeira de rodas para outra cadeira (o que chamamos de transferência), eu preciso explicar qual a melhor forma de me auxiliar. As pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida possuem suas diferenças, mesmo em condições parecidas. 

https://www.instagram.com/p/BsgpprTgUjF/?igshid=b27ei7c1utxc

Por exemplo: uma pessoa paraplégica (cadeirante) pode conseguir se transferir sozinha, ou tomar banho sozinha, o que uma pessoa com fraqueza muscular no corpo todo (meu caso) talvez não consiga.

Não dá para esperar que as pessoas que irão nos receber saibam isso e outros detalhes sem conversar.

Desmistificar faz parte e é lindo contribuir para isso.

4) Seja flexível para fazer o turismo acessível:

Nem sempre visitar determinado lugar que está na nossa lista de desejos (principalmente aqueles nos confins kkkkk) vai ser a viagem mais possível.

É necessário estudar bem todos os pormenores e colocar na balança. 

Será que não é melhor, em determinados momentos, protelar a viagem para um destino considerado de difícil acesso para uma visita após alguma obra de melhoria de acessibilidade e ir para outro que esteja melhor nesse quesito? 

Fica a critério de cada um, claro, mas eu sou do tipo que prefere arriscar com uma margem mínima possível de stress do que ficar praguejando a viagem inteira por que o lugar não é acessível rsrs.

5) Se permita:

Como eu citei acima, nem todo lugar estará 100% acessível. Nem por isso devemos nos privar de viajar até esses lugares. A questão aqui é se planejar com um nível maior de detalhes e considerando alternativas.

Eu tenho família em cidades do estado da Bahia, nas quais não existe táxi nem ônibus rodoviário adaptado. Nem por isso eu deixo de ir visitar meus familiares e amigos. 

O que ocorre é que eu vou me preparando com antecedência, emocional e economicamente, uma vez que preciso gastar mais para conseguir ir de um lugar para outro e me desgastar com esses pormenores.

Não falei para não viajar de jeito nenhum, certo? Falei para se precaver…afinal, existem muitos, muitos destinos bacanas no Brasil e no mundo, porém que não possuem acessibilidade e vice-versa.

Tudo é uma questão de prioridades e conhecimento.

Ex: sou uma apaixonada por história. Sei que no Brasil um dos lugares mais lindos para se visitar, em se tratando de turismo histórico/cultural, é Ouro Preto. 

Mas já li alguns relatos de que lá é super complicado para transitar e acessar os principais pontos turísticos. 

Eu poderia ir pra lá hoje? Claro! Mas iria sabendo que seria certo passar uns perrengues dos “bons”. Em compensação, também através de pesquisas, li que em Salvador um dos principais pontos turísticos históricos (Pelourinho) recebeu adequações para ser mais acessível. 

Hoje, minha lista tem esses dois destinos, porém Salvador vem antes de Ouro Preto. 

Desafios em viagens encontraremos, sendo turistas com deficiência ou não.

O que devemos tentar evitar, na minha opinião, é nos privar de viajar pelo medo do “desconhecido”. 

Deu medo? Vai com medo assim mesmo! 

Reflexão sobre turismo acessível:

Eu cresci em uma família que não tinha o hábito de viajar. Acredito que muito por meus pais serem de origem humilde.

O que tínhamos era para comprar o alimento e, em algumas poucas épocas do ano, roupas (em época de final de ano, geralmente).

Logo, viajar estava distante da nossa realidade. Na época em que eu era criança e adolescente, a informação não era acessível como é hoje (as técnicas para viajar gastando pouco, de economizar para viajar, opções de hospedagem baratas, etc).

Eu cresci com várias crenças limitantes, com relação a possibilidades, inclusive sobre viajar sendo uma pessoa com deficiência.

Que bom que a internet veio para mudar não só a minha, como a realidade de tantas outras pessoas!

Afinal, viajar é um dos maiores (em termos de qualidade de vida) investimentos que alguém pode fazer! 

Viajar vai além de sairmos da nossa rotina, de ser diversão apenas para pessoas com alto poder aquisitivo, com casa no campo ou na praia e com dinheiro sobrando na conta para ir a qualquer momento passear na Europa ou nos Estados Unidos.

Viajar é sairmos da nossa zona de conforto.

É crescimento pessoal e profissional.

Nas viagens praticamos empatia, resiliência, nos permitirmos. 

É quebra de paradigmas também. De inclusão social, cultural e universal.

Pode parecer clichê, mas a gente só vai descobrir as belezas dos lugares indo até eles. Cada pessoa se conecta aos lugares e pessoas de uma maneira única.

Ler experiências, relatos é muito legal. 

Porém, muito mais legal é irmos, nós mesmos e vivenciarmos com nosso corpo, alma, coração, cadeira de rodas, muletas, aparelho auditivo, cão guia, tudo o que os lugares tem a oferecer. 

– O que aprendi até aqui:

Eu percebi, nesse processo de quebra de crenças limitantes, que eu posso muito mais do que me foi dito ou ensinado. Por isso, em 2007, eu tomei a decisão de viajar para outro Estado e me permitir tudo o que eu queria sonhar e lutar para conquistar. E ajudar a mim mesma e outras pessoas em condição parecida a se permitirem também. E irem além.

Eu quero vivenciar por mim mesma e levar minha presença a esses lugares que antes eu acreditava estarem reservados a outras pessoas, fazendo parte, de fato, dessas possibilidades que as viagens proporcionam. 

E eu quero isso também para você, para que você viaje com acessibilidade

Se esse post te ajudou e você acredita que pode ajudar outras pessoas também, por favor, compartilha o mesmo com essas pessoas e deixe seu comentário.

Vem comigo?

Beijos, te vejo por aí!

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